Internet de fibra ótica e os “gargalos” no desenvolvimento tecnológico

Novo método de transmissão de dados acelera a internet, mas não resolve os problemas enfrentados no Brasil

 Por Henrique Rodrigues

Falhas em download, lentidão em abrir sites simples, aquela demora para assistir um determinado vídeo acima de 5 minutos no Youtube e constantes quedas da transmissão de internet. O usuário brasileiro já deve ter sofrido com uma, ou com todas, essas situações enquanto navega pela web, além de ter que pagar caro pelos serviços.

Para diminuir esses problemas, a internet de fibra ótica chega ao mercado por meio da Vivo, oferecendo até 200 mega para download, decretando o fim, teoricamente, dos problemas citados anteriormente.

Diferente do fio de cobre, o cabo azul que se conecta no computador, que possui taxa de transmissão limitada, a fibra ótica é um meio de transmissão de alta capacidade, que, além de favorecer o aumento da velocidade na transferência de dados, diminui os gastos com manutenção.

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Infográfico Tecmundo

Entretanto, a internet de fibra ótica, que já é usada em países como Suécia, Estados Unidos e Japão, não solucionará os problemas de transmissão de dados, a lentidão, no Brasil. É o que diz Christiano Matos, professor da escola de engenharia elétrica da Universidade Mackenzie, que acredita que no Brasil não tenha suporte para popularizar esse serviço no Brasil: “Antes de tudo é necessária ver onde estão os ‘gargalos’. No momento em que se instala a fibra ótica em transmissão de internet, sem dúvida que melhora, mas o Brasil tem um problema de infraestrutura mais amplo. O país tem um problema sério de mão de obra especializada, por isso que essa tecnologia ainda não ‘decolou’ no país”, explica Christiano.

Para o professor do Mackenzie, muitas operadoras brasileiras pecam na qualidade de serviços de internet que disponibilizam aos usuários: “Torna-se visível quando se observa essa expansão muito rápida dos sistemas de comunicação que as empresas oferecem, mas que as mesmas não são capazes de mantê-la”.

Com um tema complexo como esse, torna-se necessária uma discussão com mais personagens. O blog achou necessário ouvir fontes que não falam somente da nova tecnologia de fibra ótica e sim de todo o contexto estrutural de linhas de internet no Brasil.

Entre eles, o Canal do Otário, desenvolvido por um ativista com a alcunha “Otário”,que já tem mais de 230 mil inscritos em sua página no Youtube, onde publica vídeos que questionam as atividades desenvolvidas por diversas empresas do ramo de internet, como a Claro e a Net.

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Canal do Otário

Em entrevista, “Otário” coloca os altos impostos como causadores dos serviços ruins que as operadoras oferecem: “O principal motivo é a alta carga tributária. Os impostos chegam a 56% nos serviços de telecomunicações em alguns estados”. Ele ainda critica boa parte da população que aceita de forma passiva esses problemas: “Seria interessante que o povo exigisse mais qualidade nos serviços, boicotando as empresas ruins. Consequentemente, apenas as empresas mais qualificadas sobreviveriam, que, na prática, é a seleção natural”.

Para Otário, que já publicou 34 vídeos críticos em pouco mais de 1 ano, também acredita que a internet de fibra ótica pode solucionar os problemas de transmissão de internet no Brasil, mas lamenta os altos custos: “Se o Brasil inteiro estivesse coberto com fibra ótica, o que seria difícil devido a sua dimensão continental, talvez os serviços poderiam estar um pouco melhores, o problema é que esta tecnologia é cara”, afirma Otário.

A ganância das empresas também é contestada por Otário: “Além disso, assim como acontece com as antenas, onde se vende mais linhas do que suportam, as operadoras não se importariam em melhorar a tecnologia, mesmo com a fibra ótica, porque as empresas só querem vender novas linhas”.

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Entretanto, mesmo com todas as vantagens da fibra ótica em relação aos métodos comuns de transmissão de dados, ela não é uma tecnologia perfeita. Entre as desvantagens, segundo o site Tecmundo, a principal delas está na fragilidade das fibras de vidro. Ainda segundo o periódico eletrônico, “Como ainda não existe uma padronização no sistema, há muitos cabos que são vendidos sem o encapsulamento protetor adequado. Isso gera instabilidade para os cabos e pode resultar em quebras dos filetes de transmissão”.

Além da fragilidade dos cabos, o site Tecmundo também aponta os custos altos como empecilhos para instalação e manutenção no Brasil. “Produzir cabos de fibra ótica envolve processos muito complexos e caros, o que exige uma demanda muito grande de usuários dispostos a pagar um pouco mais pelos recursos oferecidos pela tecnologia. Além disso, para alimentar grandes cidades seriam necessários muitos retransmissores, e há relatos de perdas grandes de sinal em retransmissores divisores”, explica o periódico.

Está disposto em pagar um pouco mais pela tecnologia da fibra ótica? Ou prefere pagar menos pela internet comum?

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